Sandero é boa opção em custo/benefício

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Versão hatch do Logan traz espaço com bom preço, mas o 1.0 l deve em desempenho

Tente convencer alguém de que o Renault Sandero é a versão hatch do Logan. A não ser que ele esteja bem ligado no mercado automobilístico, dificilmente acreditará na afirmação logo de cara. Isso porque o hatch traz pouquíssimas semelhanças externas com o sedã, mas revela no interior a parceria de plataforma, motores e equipamentos. Só a “casca” é diferente. E isso tem o seu lado bom, a excelente oferta de espaço por bom preço – o design melhorado vem de brinde –, mas traz junto as deficiências de ergonomia, o acabamento simples da família, e, no caso da versão avaliada pelo Carro Online – 1.0 16V Expression Hi-Flex, de R$ 33 990 –, a falta de desempenho.

Com 18 473 carros vendidos no primeiro semestre de 2008 (média superior a 3 000 unidades por mês), o Sandero, junto ao Logan, foi o responsável pelo grande crescimento de vendas da Renault (cerca de 80% neste ano), que pulou para a quinta posição no ranking nacional, atrás apenas de Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford. A grande sacada do Sandero, porém, não está nos atrativos comuns de um carro. Seu trunfo é trazer para a faixa de R$ 30 000 (o modelo básico custa R$ 30 690) o tamanho – 4,021 m – de um Punto, que mede 4,030 m, e de um Polo (3,915 m), carros na faixa de R$ 40 000. Isso dá um certo orgulho ao dono de Sandero, que está em um carro maior e mais espaçoso por preço de compacto de entrada com alguns equipamentos a mais.

Além do espaço, o design, embora seja um item de avaliação muito particular, tem agradado e recebeu elogios durante a avaliação. Comparado ao visual “quadradão” do Logan, então, realmente fica difícil entender como eles são derivados. Esses são os dois trunfos do Sandero. Mas oferecer um carro maior por preço de um menor também cobra seu preço. A ergonomia, por exemplo, é sofrível. Para economizar fiação e simplificar o projeto, a Renault posicionou no console os comandos das travas e dos vidros elétricos, do desembaçador traseiro e do pisca alerta.

Colocados lado a lado (só o pisca fica mais centralizado), eles confudem o motorista. E não adianta dizer que é questão de costume. Rodamos uma semana com o carro e, vez ou outra, ligávamos o desembaçador em vez de descer o vidro. Para evitar isso, é preciso olhar a operação e, conseqüentemente, desviar a atenção do trânsito. Outros motoristas que dirigiram o Sandero também foram solidários na reclamação. Outro problema fica por conta do acionamento do ar-condicionado, localizado abaixo desses botões. Com uma terceira marcha engatada, é preciso se contorcer para operá-lo (veja na foto ao lado).


A contrapartida vem na hora de passar nos buracos. Com uma suspensão muito bem acertada, o Sandero absorve as irregularidades sem transmiti-las tanto ao volante. O ótimo campo visual proporcionado pela carroceria larga também ajuda na hora de manobrar e não dá a sensação “claustrofóbica” de um compacto de entrada.